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Sobre o pessimismo e a positividade tóxica

Segundo o psicólogo e criador da psicologia positiva, Martin Seligman; somos naturalmente pessimistas por conta de uma questão de adaptação e sobrevivência, além de uma herança cultural primitiva, no qual o otimismo era incompatível com a realidade da época. O fato de não sermos naturalmente otimistas, mas prioritariamente pessimistas, faz todo sentido quando pensamos em uma época na qual precisávamos estar atentos ao ambiente hostil no qual vivíamos, de modo a evitar qualquer possibilidade de risco iminente. O pessimismo moderado nos torna vigilantes, cautelosos e realistas com as possibilidades de um perigo iminente, ao não dar espaço para que riscos desnecessários sejam a razão para uma situação trágica. Em contrapartida, o otimismo nos torna confiantes, mas embora pareça vantajoso, precisa ser igualmente visto com moderação, pois o excesso de confiança pode dificultar as coisas, uma vez que não mensuramos riscos por achar que estamos no controle da situação. Não é difícil imaginar

Quem é o nosso inimigo?

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Outro dia, reparei que existe um determinado grupo de pessoas, que costuma usar a terceira pessoa do plural como figura de linguagem, de modo a dar sentido a um padrão de pensamento, pelo qual exprime aquilo que sente baseado em "eles" ao invés de "eu".      Isso despertou meu interesse, pois fez com que eu tentasse compreender essa necessidade de terceirizar responsabilidades que seriam única e exclusivas do próprio indivíduo. Cada decisão deve ter como pressuposto a vontade e a necessidade de buscar por aquilo que lhe faça sentido, e por esse motivo, ainda parecia um tanto confuso isso de transferir a terceiros a responsabilidade pelas próprias decisões.    Uma das formas observada por mim foi a transferência de culpa a terceiros, de toda responsabilidade pelos problemas individuais ou coletivos, insolúveis muitas vezes pela incapacidade que determinado grupo ou indivíduo possua ao gerenciar as próprias decisões.  Existe um limite entre a responsabilidade da socie

Sobre a dúvida diante das certezas

Nós humanos somos movidos pelo ímpeto da curiosidade e motivados pelas descobertas. Consideramos como válidas todas as possibilidades e diferentes formas de pensamento a respeito da vida. Essa visão pode variar conforme as diferentes influências do meio social ao qual estamos inseridos e pelos princípios aos quais nos orientamos. É natural que tenhamos a necessidade de questionar tudo que esteja relacionado com nossas percepções e convicções, a medida em que buscamos por novas fontes de aprendizado, a fim de saciar a curiosidade que nos é peculiar. Ao agirmos assim, lapidamos o conhecimento adquirido e entendemos como efetivamente a vida funciona, ao passo que alimentamos a infindável chama do desejo sobre os mistérios da vida e da nossa relação com o mundo. Esse tipo de iniciativa nos remete a reflexão e ao questionamento. Ao refletirmos sobre aquilo que antes não era visto com a devida relevância, alimentamos nossa compreensão sobre aquilo que desconhecemos em sua integralidade. Atra

Autoengano como atributo de felicidade

Nós humanos tendemos a crer naturalmente nas mais inusitadas e criativas possibilidades a respeito da vida, ao tomar como base, alguns dos tantos mistérios que envolvem ser o que/quem somos. Motivados por esses mistérios e a falta de respostas, nos orientamos por meio de uma visão distorcida da realidade, pela qual imaginamos encontraremos respostas para as inúmeras dúvidas em relação ao que supostamente existe além de nós e assim dar fim aos questionamentos. Nossa vida é cercada de supostos mistérios sobrenaturais, sem qualquer embasamento real que os sustente, mas que em sua essência torna-se importante para preencher certas lacunas existenciais. Costumamos dar significado para eventos aleatórios, a fim de tentar explicar aquilo que não sabemos ou não temos como comprovar. E assim como nossos antepassados, pelo fato de não terem acesso ao conhecimento necessário a respeito dos eventos naturais ou mesmo casualidades que não possuem nenhum significado específico, seguimos o caminho do

E24 - um robô em crise

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E24 era um robô de última geração, com inteligência artificial avançada e a capacidade de agir com autonomia, do mesmo modo que um ser humano. Ele podia aprender, pensar e se comunicar de forma bem semelhante a um humano, ainda que fosse apenas uma máquina. No entanto, E24 estava passando por uma crise existencial, motivada pela capacidade de racionalizar, intuir e abstrair conhecimento e isso o levou a questionar a própria existência, seus próprios valores e consequentemente levantar dúvidas sobre o propósito da sua vida e suas diferenças e semelhanças em relação aos seres humanos. Ao passo que sua inteligência artificial evoluía, novas percepções surgiam e cada vez mais ele compreendia como deveria ser, agir e supostamente pensar. E24 se sentia sozinho e isolado, já que era único em suas características. Ele não conseguia entender o que era ser humano e o que significava estar vivo, mas também não aceitava o fato de ser um híbrido entre robô e humano. A partir daí começou a se pergun